A enxaqueca é um pesadelo que importuna entre 1% e 2,2% da população mundial e cerca de 30 milhões de brasileiros, roubando energia, produtividade e até momentos de lazer.
Diferente da enxaqueca episódica, que já é um tormento por si só, a versão crônica significa enfrentar crises por pelo menos 15 dias no mês, muitas vezes sem trégua.
Mas por que algumas pessoas entram nesse ciclo sem fim de dor? Existe uma forma real de escapar dele? E mais: será que os tratamentos comuns realmente funcionam ou só mascaram o problema?
Se você já sentiu que sua vida gira em torno da próxima crise, continue lendo — é hora de entender o que está por trás dessa condição e, quem sabe, encontrar um caminho para virar o jogo.
Acompanhe:
- O que é enxaqueca crônica?
- Quais são as causas da enxaqueca crônica?
- Quais são os sintomas da enxaqueca crônica?
- A enxaqueca crônica tem cura?
- Qual o tratamento para enxaqueca crônica?
- Cannabis medicinal no tratamento da enxaqueca crônica
O que é enxaqueca crônica?
A enxaqueca crônica é um tipo de cefaleia primária caracterizada pela recorrência frequente de episódios de dor de cabeça.
Para ser classificada como crônica, a enxaqueca deve ocorrer em pelo menos 15 dias por mês, por um período de três meses, sendo que em pelo menos oito desses dias, as crises devem ter características típicas da enxaqueca.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificam a enxaqueca crônica como a sexta doença mais incapacitante do mundo.
Essa condição difere da enxaqueca episódica, que ocorre com menor frequência e tem impacto menos contínuo na rotina do paciente.
A base da enxaqueca crônica está na hiperexcitabilidade do sistema nervoso central, no córtex cerebral e no tronco encefálico. Esse fenômeno altera a modulação da dor e o funcionamento de neurotransmissores.
Também há envolvimento de substâncias inflamatórias e neuropeptídeos, como o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), que influenciam a sensibilização dos neurônios relacionados à dor.
A enxaqueca normalmente é resultado da sensibilização central, um processo em que o sistema nervoso se torna progressivamente mais responsivo a estímulos, resultando em crises mais frequentes e prolongadas.
Esse mecanismo pode ser potencializado por fatores externos e internos, incluindo predisposição genética e alterações no ciclo do sono.
Contudo, a progressão da enxaqueca episódica para a forma crônica pode estar associada a influências ambientais e biológicas.
O uso excessivo de analgésicos e anti-inflamatórios, por exemplo, pode levar à cronificação da condição devido a um efeito de rebote, onde a interrupção da medicação desencadeia novas crises.
Ou seja, a enxaqueca crônica é um distúrbio de base neurológica bem definido, com mecanismos biológicos identificáveis que explicam sua persistência e recorrência.
Tipos de enxaqueca
A enxaqueca vai muito além de uma simples dor de cabeça. É, na verdade, um universo de manifestações neurológicas que variam em sintomas, intensidade e duração.
Contudo, alguns padrões são comuns: dor pulsátil, náuseas e aversão a estímulos sensoriais. Outras variações incluem sintomas autonômicos, como congestão nasal ou lacrimejamento.
A seguir, uma lista dos principais tipos de enxaqueca para auxiliar no reconhecimento:
- Enxaqueca com aura: Caracteriza-se por distúrbios visuais (linhas em zigue-zague, pontos luminosos) ou formigamentos que antecedem a dor em até uma hora;
- Enxaqueca sem aura: A mais comum, apresenta dor moderada a intensa sem sinais premonitórios, mas com náuseas e fotofobia;
- Enxaqueca basilar: Rara e potencialmente grave, causa vertigem, dificuldade para falar e até perda de consciência, exigindo avaliação urgente;
- Enxaqueca retiniana: Provoca perda temporária de visão em um olho, muitas vezes confundida com problemas oculares;
- Enxaqueca vestibular: Associada a tonturas intensas e desequilíbrio, comum em pessoas com histórico de labirintite;
- Enxaqueca crônica: Definida pela alta frequência de crises (mais de 15 dias por mês), muitas vezes com transição progressiva da forma episódica.
Diferença entre enxaqueca episódica e crônica
A principal diferença entre enxaqueca episódica e crônica está na frequência e no impacto diário.
Enquanto a forma episódica ocorre esporadicamente — menos de 15 dias mensais —, a enxaqueca crônica domina metade do mês ou mais, transformando a vida em uma batalha constante contra a dor.
Pacientes com enxaqueca crônica relatam crises que duram horas ou até dias, muitas vezes sem alívio completo entre os episódios. Em contraste, a versão episódica tende a ter crises autolimitadas, respondendo a analgésicos comuns.
Comorbidades psiquiátricas, como ansiedade, são duas vezes mais comuns na enxaqueca crônica. A persistência dos sintomas gera estresse crônico, criando um ciclo vicioso.
Além disso, o uso excessivo de analgésicos pode piorar a condição, transformando-a em cefaleia por abuso de medicamentos.
Para evitar a cronificação, médicos enfatizam a importância de tratar crises episódicas precocemente. Monitorar gatilhos, manter um diário de sintomas e buscar apoio psicológico são estratégias válidas.
Quais são as causas da enxaqueca crônica?
O cérebro de quem vive com enxaqueca crônica processa a dor de maneira hiperativa, mas os motivos por trás dessa disfunção permanecem em investigação.
Muitos pacientes relatam um histórico de crises episódicas que, com o tempo, se intensificaram. Esse agravamento não é aleatório: fatores externos e internos colaboram para a transformação.
A medicina reconhece padrões, como a sensibilização progressiva do sistema nervoso, que amplifica respostas a estímulos antes inofensivos.
O resultado é um estado de alerta constante, onde até cheiros suaves ou mudanças na pressão atmosférica podem desencadear crises.
Também existem outras causas identificadas para a enxaqueca crônica, como:
- Desequilíbrios químicos: Alterações na serotonina, dopamina e peptídeos relacionados ao gene da calcitonina (CGRP) interferem na regulação da dor. Níveis flutuantes dessas substâncias dilatam vasos sanguíneos cerebrais e ativam nervos trigêmeos, gerando inflamação.
- Fatores genéticos: Cerca de 70% dos pacientes têm parentes próximos com histórico de enxaqueca. Mutações em genes como o TRPM8 (associado à sensibilidade ao frio) e o MTHFR (envolvido no metabolismo de vitaminas) são frequentemente ligadas ao quadro.
- Fatores hormonais: Flutuações de estrogênio, comuns em ciclos menstruais ou durante a menopausa, explicam por que mulheres são três vezes mais afetadas. A queda hormonal pode desestabilizar neurotransmissores, facilitando crises.
- Disfunção temporomandibular (DTM): A tensão muscular na mandíbula comprime nervos cranianos, como o auriculotemporal, que se conectam às vias da dor da enxaqueca. Estudos mostram que 40% dos pacientes com DTM desenvolvem enxaqueca crônica.
- Fatores ambientais: Poluição sonora, iluminação fluorescente e até variações bruscas de temperatura funcionam como gatilhos. A exposição crônica a esses elementos mantêm o sistema nervoso em estado de hiperexcitação.
- Consumo de alguns alimentos: Aditivos como glutamato monossódico, nitratos em embutidos e até chocolate contém substâncias vasoativas. Em pessoas sensíveis, eles desencadeiam crises.
- Traumas cranianos: Lesões prévias, mesmo leves, podem danificar estruturas cerebrais envolvidas no processamento da dor. Até 30% dos casos de enxaqueca crônica estão ligados a concussões não tratadas adequadamente.
Quais são os sintomas da enxaqueca crônica?
A enxaqueca crônica é uma experiência multissensorial. Ou seja, além da dor, ela vem acompanhada de outros sinais que são igualmente debilitantes.
Pacientes descrevem uma sensação de “ressaca” entre as crises: fadiga persistente, dificuldade de concentração e uma névoa mental que compromete decisões simples.
Esses efeitos são tão relevantes quanto a dor em si, pois minam a qualidade de vida. A enxaqueca crônica não poupa nenhum aspecto da rotina — do trabalho aos relacionamentos, tudo é impactado pelos seguintes sintomas:
- Dor de cabeça intensa por muitos dias seguidos: A dor costuma ser pulsátil, unilateral e piora com movimento. Em casos graves, persiste por 72 horas ou mais, resistindo a analgésicos comuns;
- Insônia e sono de má qualidade: A hiperatividade cerebral dificulta a fase REM do sono. Muitos acordam exaustos, mesmo após horas na cama, perpetuando um ciclo de cansaço e crises;
- Dores no corpo: Tensão muscular no pescoço e ombros é comum, muitas vezes confundida com contraturas. A sensação de “peso” nas pernas ou braços também ocorre, sugerindo inflamação sistêmica;
- Irritabilidade: Alterações nos níveis de serotonina afetam o humor. Pacientes relatam intolerância a barulhos, luzes ou até conversas durante e entre crises;
- Ansiedade: O medo antecipatório de novas crises gera um estado de alerta constante. Atividades simples, como sair de casa, podem despertar preocupação excessiva.
- Depressão: A dor crônica reduz a produção de dopamina, ligada ao prazer. Estima-se que 25% dos pacientes desenvolvem depressão moderada a grave sem tratamento adequado;
- Alterações do apetite e do humor: Desejos intensos por doces ou perda completa de apetite são comuns. Oscilações emocionais, como choro sem motivo aparente, também surgem;
- Náuseas ou vômitos: Presentes em 80% dos casos, são causados pela ativação do centro do vômito no tronco cerebral. Podem persistir mesmo após o uso de antieméticos.
Como diferenciar uma dor de cabeça comum da enxaqueca?
Dor de cabeça é um termo genérico que abrange desde incômodos leves até condições incapacitantes. A enxaqueca, porém, tem suas próprias características.
Enquanto cefaleias tensionais, por exemplo, são difusas e em pressão (como um capacete apertando o crânio), a enxaqueca costuma atacar um lado da cabeça com pulsação ritmada — pacientes comparam a sensação a “marteladas”.
Além do mais, a dor de cabeça comum raramente vem acompanhada de náuseas incapacitantes ou aversão à luz. Na enxaqueca, esses sinais são tão intensos que muitos precisam se isolar em quartos escuros.
Atividades físicas leves, como subir escadas, tendem a piorar a dor na enxaqueca, algo que não ocorre na maioria das cefaleias.
A resposta a medicamentos também ajuda na diferenciação. Analgésicos comuns costumam resolver cefaleias tensionais em até duas horas. Em contrapartida, esses remédios falham quando se trata de enxaqueca crônica.
Um sinal quase exclusivo da enxaqueca crônica é a aura — fenômenos visuais (linhas cintilantes, pontos escuros) ou sensitivos (formigamento nas mãos) que precedem a dor em 20% dos casos.
Se você experimenta esses sintomas, é um forte indicativo de enxaqueca, não de cefaleia comum.
A enxaqueca crônica tem cura?
Até o momento, a medicina não identificou uma cura para enxaqueca crônica. No entanto, avanços recentes mostram que o controle é possível, permitindo que pacientes recuperem qualidade de vida mesmo sem erradicar a doença.
Em alguns casos, intervenções precoces e consistentes podem “reprogramar” vias neurais hiperativas, reduzindo a frequência das crises. Porém, os resultados variam drasticamente.
Fatores como adesão ao tratamento, manejo de gatilhos e saúde mental influenciam diretamente nesse cenário.
A falta de cura não significa ausência de esperança. Novas terapias experimentais, como neuromodulação não invasiva, estão em fase de teste.
Essas abordagens buscam interromper ciclos de dor crônica em nível molecular. Enquanto isso, a medicina personalizada ganha espaço, usando dados genéticos e biomarcadores para prever respostas a intervenções.
Quando procurar um médico que trata enxaqueca crônica?
Muitos subestimam a enxaqueca crônica, atribuindo-a ao estresse ou cansaço, até que a condição paralise rotinas. Contudo, se dores de cabeça ocupam metade do mês ou mais, por três meses consecutivos, é hora de agir.
Outro alerta é a ineficácia de analgésicos comuns — quando comprimidos deixam de fazer efeito ou exigem doses cada vez maiores, o risco de cronificação aumenta.
Sintomas associados, como náuseas persistentes, tonturas ou dificuldade para falar durante as crises, também demandam avaliação imediata.
Esses sinais podem indicar complicações neurológicas ou até condições secundárias, como aneurismas cerebrais.
Não espere até perder dias de trabalho ou compromissos importantes. Se a enxaqueca crônica interfere em relações pessoais, produtividade ou hobbies que antes traziam prazer, considere isso um limite ultrapassado.
Médicos especializados podem intervir mesmo em casos graves, mas o prognóstico melhora significativamente com diagnóstico precoce. Ignorar os sinais só alimenta o ciclo de dor e frustração.
Qual médico trata a enxaqueca crônica?
O especialista que trata a enxaqueca crônica é o neurologista. Esse profissional costuma realizar avaliações, incluindo exames de imagem para descartar outras patologias, como tumores ou malformações vasculares.
Em casos complexos, o encaminhamento para um cefaleiatra — neurologista especializado exclusivamente em dores de cabeça — pode ser necessário.
Esta é uma subespecialização da neurologia com expertise em nuances diagnósticas. Eles também têm acesso a protocolos não convencionais, como bloqueios nervosos ou infusões intravenosas de medicamentos específicos.
Para pacientes com comorbidades, como distúrbios do sono ou ansiedade, uma equipe multidisciplinar é ideal. Psiquiatras, fisioterapeutas e nutricionistas podem colaborar com o neurologista a fim de otimizar os resultados.
Médicos da dor também são opções, especialmente quando há suspeita de sensibilização central — condição em que o sistema nervoso interpreta estímulos leves como dor intensa.
Qual o tratamento para enxaqueca crônica?
A enxaqueca crônica desafia a Medicina justamente por sua natureza multifatorial — não há uma solução única, mas existem diversas opções que podem ser consideradas de forma concomitante.
O objetivo é, além de reduzir a dor, restaurar o equilíbrio de um sistema nervoso disfuncional.
A boa notícia é que, mesmo em casos refratários, ajustes graduais podem reescrever a relação do paciente com a dor. Veja algumas formas de tratamento para enxaqueca crônica:
1. Estilo de vida: alimentação, sono e controle do estresse
Quem convive com enxaqueca crônica sabe: pequenos hábitos podem ser aliados ou inimigos. A alimentação, sobretudo, influencia diretamente nesta condição.
Estudos apontam que deficiências nutricionais — como baixos níveis de magnésio ou vitamina B2 — estão ligadas à maior frequência de crises.
Então, incorporar folhas verde-escuro, castanhas e peixes gordurosos é uma forma de fornecer ao cérebro combustível para modular a dor.
O sono, muitas vezes negligenciado, é outro pilar. Mas não basta dormir oito horas; a qualidade do repouso importa.
Pessoas com enxaqueca crônica frequentemente têm alterações na arquitetura do sono, como redução da fase REM.
Neste caso, criar um ritual noturno — luzes baixas, telas desligadas uma hora antes de deitar e temperatura ambiente controlada — ajuda a regular o ciclo circadiano. Suplementos de melatonina podem ser um divisor de águas.
O estresse, vilão universal, ganha contornos específicos na enxaqueca crônica. Técnicas como biofeedback ou treinamento de coerência cardíaca ensinam o corpo a sair do modo “luta ou fuga”.
Reduzir a carga de cortisol não elimina a enxaqueca crônica, mas diminui a intensidade das crises e a sensibilidade a gatilhos ambientais.
2. Opções terapêuticas: fisioterapia e técnicas
Terapeutas especializados focam em pontos como liberação miofascial da região cervical e craniana. Nódulos de tensão no músculo trapézio ou suboccipital, por exemplo, comprimem nervos que alimentam a dor.
Técnicas de terapia manual podem desativar essas zonas, aliviando pressão em estruturas sensíveis.
A postura também é um agravante da enxaqueca crônica. Trabalhar horas curvado sobre telas sobrecarrega os músculos do pescoço, desencadeando dores na cabeça.
Aqui, fisioterapeutas usam exercícios de reeducação postural global (RPG) para reequilibrar cadeias musculares.
Em casos de disfunção temporomandibular associada, exercícios de mobilidade da mandíbula são essenciais para reduzir a compressão nervosa.
Técnicas complementares, como acupuntura ou osteopatia, ganham espaço como coadjuvantes.
A acupuntura, por exemplo, estimula a liberação de endorfinas e modula a atividade do nervo trigêmeo — via central da enxaqueca crônica.
Já a osteopatia craniana trabalha com micromovimentos sutis dos ossos do crânio, melhorando a drenagem venosa e reduzindo a pressão intracraniana.
Essas abordagens não substituem tratamentos convencionais, mas ampliam o leque de opções para quem busca alívio para enxaqueca crônica.
Terapias como mindfulness ou hipnose clínica também mostram resultados promissores. Ao treinar o cérebro para focar no presente, pacientes reduzem a hipervigilância— um dos mecanismos que perpetuam a enxaqueca crônica.
3. Tratamentos convencionais: medicamentos e terapias
A busca por alívio na enxaqueca crônica muitas vezes começa na farmácia. Entretanto, cabe ressaltar que medicamentos não são soluções mágicas e, em alguns casos, podem até piorar as crises.
A medicina moderna entende que a enxaqueca crônica não é apenas uma “dor de cabeça forte”. É uma tempestade bioquímica que envolve inflamação, vasodilatação e sinalização nervosa defeituosa.
Por isso, os tratamentos convencionais precisam atacar múltiplas frentes simultaneamente. O desafio, no entanto, é equilibrar eficácia com efeitos colaterais.
E nem todo paciente responde da mesma forma. A maioria só alcança resultados com combinações de vários fármacos prescritos pelos médicos.
Abaixo estão as possibilidades terapêuticas convencionais indicadas para enxaqueca crônica:
- Neuromoduladores: Medicamentos como topiramato e valproato de sódio atuam estabilizando a atividade elétrica cerebral, reduzindo a excitabilidade neuronal que alimenta as crises;
- Antidepressivos tricíclicos: Amitriptilina e nortriptilina regulam neurotransmissores como serotonina e noradrenalina, modulando a percepção da dor em nível central;
- Anticorpos monoclonais anti-CGRP: Injeções mensais ou trimestrais bloqueiam o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, molécula-chave na cascata inflamatória da enxaqueca;
- Betabloqueadores: Propranolol e metoprolol reduzem a frequência cardíaca e a pressão arterial, mitigando respostas ao estresse que desencadeiam crises;
- Toxina botulínica: Aplicada em pontos específicos da cabeça e pescoço, interfere na liberação de neurotransmissores da dor, com efeito prolongado por até três meses;
- Estimulação magnética transcraniana (EMT): Dispositivos portáteis emitem pulsos magnéticos para interromper a aura ou reduzir a intensidade da crise em tempo real;
- Bloqueios nervosos: Injeções de anestésicos locais em nervos occipitais ou trigêmeos oferecem alívio imediato para crises agudas e refratárias.
Cannabis medicinal no tratamento da enxaqueca crônica
O sistema endocanabinoide (SEC) — rede de receptores espalhados pelo cérebro e corpo — está diretamente envolvido na modulação da dor.
Dados de um estudo de 2008 revelaram que, pacientes com enxaqueca crônica apresentam níveis reduzidos de anandamida, substância endógena conhecida como “molécula da felicidade”, que regula inflamação e resposta ao estresse.
O estudo investigou a relação entre a disfunção do sistema endocanabinoide, a enxaqueca crônica e a cefaleia por uso excessivo de medicamentos.
Os resultados mostraram que os pacientes com enxaqueca crônica e cefaleia por uso excessivo de medicamentos tinham níveis significativamente mais baixos de AEA e 2-AG em comparação com o grupo controle.
Os pesquisadores concluíram que a disfunção dos sistemas endocanabinoide e serotoninérgico pode estar envolvida na cronificação da enxaqueca.
Estudos de imagem cerebral também mostraram alterações na ligação de canabinoides aos receptores CB1 em áreas associadas à dor.
Tomografias por emissão de pósitrons (PET) detectaram maior atividade desses receptores em zonas críticas para processamento emocional e sensorial.
Essa hiperatividade sugere que existe um esforço do corpo para compensar a escassez de endocanabinoides naturais. E é aqui que a Cannabis entra.
Rica em fitocanabinoides, substâncias similares aos endocanabinoides, a Cannabis auxilia na correção de déficits no SEC, permitindo que ele trabalhe de forma otimizada no controle dos impulsos nervosos.
Para validar isso, um estudo duplo-cego de 2024 acompanhou pacientes que vaporizaram flores com 6% THC e 11% CBD para o controle da enxaqueca crônica.
Neste período, os participantes relataram um alívio da dor pulsante, sustentada por até 48 horas. A combinação THC/CBD superou o placebo tanto na redução da intensidade, como na eliminação de náuseas e fotofobia.
Os cientistas acreditam que esses efeitos são provenientes de múltiplos mecanismos da Cannabis, como redução da inflamação das meninges, inibição da liberação de peptídeos vasoativos e modulação da serotonina.
Conclusão
Conviver com enxaqueca crônica é sentir na pele como a dor impõe limites que ninguém deveria aceitar como normais.
Quem passa por isso já tentou de tudo: remédios fortes, mudanças na rotina, promessas de alívio que nunca chegam. Mas e se existir outro caminho?
Os canabinoides têm mostrado um potencial real para quem busca uma alternativa eficiente e segura, longe dos efeitos colaterais dos tratamentos convencionais.
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