Receber o diagnóstico de fibromialgia pode ser desafiador, mas também um alívio para quem vem sofrendo há muito tempo com dores generalizadas, daquelas que “andam pelo corpo”, fadiga extrema, irritabilidade e distúrbios do sono.
Talvez o mais desafiador do que os próprios sintomas da fibromialgia seja a busca incessante por respostas e um diagnóstico preciso. Muitas vezes, o paciente é tratado como ‘reclamão’ ou ‘Maria das Dores’, sentindo que suas queixas não são valorizadas diante da sucessão de médicos especialistas que consulta.
Não ter as suas queixas compreendidas pode ser uma das piores sensações para o paciente com fibromialgia, e essa falta de empatia só faz aumentar a angústia… e a dor!
Sabendo disso, hoje vou destacar três pontos fundamentais para que você possa conquistar sua saúde de volta e enfrentar essa luta com muito mais qualidade de vida!
Busque acompanhamento médico adequado
Essa pode ser a parte mais desafiadora de todas, pois muitos pacientes não sabem qual tipo de médico procurar nessas situações. Se fizer uma pesquisa rápida no Google, será orientado a procurar um reumatologista. Quando ainda não tem a confirmação diagnóstica, muitos pacientes acabam procurando especialidades de acordo com cada sintoma apresentado, o que os leva para uma longa jornada de consultas e infinitas prescrições médicas que muitas vezes só pioram a situação.
Mas, na realidade, o que um paciente com suspeita ou diagnóstico de fibromialgia precisa é de um médico que tenha muita experiência nessa doença. Apenas um médico experiente em fibromialgia, independentemente da especialidade médica, poderá ajudar de verdade a transformar sua vida, pois ele entende exatamente o que você precisa. E não é só um remedinho.
Adote um tratamento multidisciplinar
Medicamentos
Em muitos casos, o uso de medicamentos como analgésicos, relaxantes musculares, antidepressivos e moduladores de dor, como os gabapentinoides, pode ser necessário. No entanto, é fundamental compreender que essa não deve ser sua única abordagem. Além dos efeitos colaterais associados à maioria das medicações para fibromialgia, é importante lembrar que cada medicamento possui um limite de dose, e com o tempo, seu organismo pode desenvolver resistência a esses tratamentos. Isso pode resultar em um quadro no qual a dor persiste, agora agravada pelos efeitos adversos dos próprios medicamentos.
Exercícios físicos
Lembre-se de que a fibromialgia está relacionada, entre outras coisas, a uma redução dos hormônios responsáveis pelo nosso bem-estar. É preciso ensinar seu corpo a produzir os neurotransmissores que você precisa para manter a disposição. Movimentos de baixo impacto, como caminhada, natação, hidroginástica e pilates, podem ajudar a reduzir as dores e a aumentar a liberação de neurotransmissores como dopamina, endorfinas, serotonina e noradrenalina, o que ajudará também a melhorar o humor e reduzir o estresse.
Terapia alternativas
Considere incluir terapias alternativas como acupuntura, quiropraxia, fisioterapia e meditação na sua rotina. A prática de ioga também pode ajudar, unindo as vantagens obtidas com o exercício físico e o relaxamento mental. Abuse das massagens, que podem ser relaxantes, terapêuticas ou com técnicas de liberação miofascial, e ainda incluir a aplicação de cremes à base de cannabis para otimização de seus efeitos. Essa é uma orientação que faço questão de incluir nos meus programas de controle de fibromialgia para muitos dos meus pacientes, e os resultados são surpreendentes.
Fitocanabinoides podem ser sim sua medicação de primeira escolha
Atualmente, pesquisas indicam que os fitocanabinoides podem ser mais eficazes do que os tratamentos convencionais para a dor crônica em pacientes com fibromialgia.
Nosso sistema endocanabinoide — sim, nós temos em nosso corpo um mecanismo natural de regulação preparado para interagir com esses compostos — desempenha um papel fundamental em diversas funções do organismo. Os fitocanabinoides auxiliam na redução da dor, diminuem processos inflamatórios, melhoram a qualidade do sono e ajudam a aliviar sintomas como fadiga, ansiedade e depressão, sem causar dependência ou os efeitos colaterais frequentemente observados nos tratamentos tradicionais.
Além disso, estudos sugerem que a fibromialgia, assim como a enxaqueca e a síndrome do intestino irritável, pode estar relacionada a uma deficiência de endocanabinoides no organismo, como a anandamida, o que explicaria a hipersensibilidade à dor.
Compreendendo essa relação e reconhecendo que os fitocanabinoides não apenas aliviam sintomas, mas também atuam na regulação da produção hormonal, fica evidente que essa abordagem pode ser considerada uma opção primária no tratamento da fibromialgia.
Cuide da sua saúde emocional e faça ajustes no estilo de vida
A fibromialgia pode ser agravada pelo estresse, ansiedade e depressão. Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental ou abordagens focadas em traumas podem ser aliadas valiosas, ajudando no entendimento e no gerenciamento das emoções. Isso permite um maior equilíbrio emocional, reduzindo a irritabilidade e a reatividade diante das situações do dia a dia, promovendo uma vida mais plena.
Reconhecer seus limites, tanto emocionais quanto físicos, é essencial para que, mesmo com um diagnóstico de fibromialgia, seja possível levar uma vida normal e com qualidade, sem ser rotulado ou estigmatizado.
Além disso, adotar uma alimentação anti-inflamatória pode fazer toda a diferença. Evitar alimentos ultraprocessados, excesso de farinhas, açúcares e bebidas alcoólicas, e dar preferência a opções mais naturais, como frutas, verduras, legumes e proteínas saudáveis, contribuirá significativamente para o bem-estar.
Os resultados não são imediatos — infelizmente, não existe uma solução mágica. No entanto, com um planejamento adequado e um compromisso com os cuidados necessários, é totalmente possível sentir-se bem, mesmo convivendo com a fibromialgia. Eu sou prova disso e hoje auxílio muitos pacientes a conquistarem esse mesmo bem-estar. Tudo começa com a sua decisão!
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