Embora o sistema endocanabinoide (SEC) tenha sido identificado nos anos 1960, até hoje poucas instituições de ensino o abordam na formação acadêmica de profissionais da saúde.
No Brasil, a Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) é pioneira ao incluir uma disciplina sobre o sistema endocanabinoide no curso de Medicina desde 2021.
O responsável pela disciplina é o professor Hygor Cabral, também médico da família. Ele ensina aos alunos como o SEC regula diversos sistemas do corpo e como sua disfunção pode estar associada ao surgimento de várias doenças. Além disso, Hygor também destaca que uma das principais formas de ativar esse sistema é por meio de medicamentos à base de Cannabis.
Com uma nova turma do curso Sistema endocanabinoide e perspectivas terapêuticas da Cannabis sativa e seus derivados começando em 2025, conversamos com Hygor e com estudantes da UFSJ para entender como a nova geração de médicos enxerga o SEC e o uso terapêutico dos canabinoides.
Por que profissionais da saúde devem entender o sistema endocanabinoide
De acordo com a regulamentação vigente, apenas médicos e dentistas podem prescrever medicamentos à base de Cannabis. Esses medicamentos podem complementar o tratamento de diversas condições de saúde — muitas vezes aquelas que não respondem bem às abordagens convencionais — e proporcionar melhor qualidade de vida para pacientes que antes não encontravam alívio.
Por isso, médicos estão entre os principais interessados em estudar o SEC. No entanto, o professor Hygor Cabral acredita que outros profissionais da saúde também deveriam receber essa formação, já que o funcionamento do SEC impacta diversos sistemas do organismo.
“Esse curso não tem que ser exclusivo da Medicina, tem que ser ensinado em qualquer área da saúde. Cursos de Enfermagem, Farmácia, Nutrição, Fisioterapia, Psicologia… todos deveriam incluir o sistema endocanabinoide e as possibilidades terapêuticas da Cannabis”, afirma Hygor.
No tratamento de condições complexas como Alzheimer, Parkinson e transtorno do espectro autista, a abordagem é sempre multidisciplinar. Embora fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos e psicólogos não estejam autorizados a prescrever canabinoides, é essencial que compreendam o funcionamento do SEC para oferecer um atendimento mais completo e colaborativo.
Curso sobre o sistema endocanabinoide: além dos óleos
Para Hygor, o curso sobre o sistema endocanabinoide não deve se limitar a casos clínicos ou orientações sobre prescrição. A proposta inclui a colaboração de profissionais de diversas áreas para oferecer um panorama mais amplo, com discussões sobre o contexto histórico e social da planta — um tema geralmente ausente da formação médica.
“Queremos trazer para dentro da universidade uma discussão clínica e científica sobre as propriedades terapêuticas. Mas também é importante discutir sua história, entender por que o conhecimento sobre o SEC demorou tanto a ser aceito. O proibicionismo, o racismo e a xenofobia travaram esse processo.
É uma forma de tirar o preconceito de dentro da sociedade, da academia, da universidade. Mostrar que existe algo muito mais profundo do que apenas tomar um óleo de Cannabis.”
Por que estudantes de Medicina procuram o curso sobre o sistema endocanabinoide da UFSJ
Apesar da concorrência entre disciplinas optativas, o curso de Hygor tem alta procura e costuma preencher quase todas as vagas. Estudantes de pós-graduação também participam como ouvintes.
A seguir, dois graduandos de Medicina da UFSJ explicam por que procuraram o curso e decidiram se aprofundar no estudo do sistema endocanabinoide.
Thiago Duarte
Atualmente no 12º período de Medicina, Thiago Duarte, 26, viu de perto os benefícios do canabidiol (CBD) no tratamento de uma condição psiquiátrica do pai. Ele fez o curso em 2024, incentivado pela melhora que observou em toda a família. Faltando pouco tempo para se formar, sentiu que a disciplina abriu caminho para continuar estudando o tema.
“É claro que eu tenho que estudar mais para me sentir seguro na prescrição e tudo, mas a gente tem que ter ciência de que é uma medicação que faz a diferença na vida das pessoas e deve ser usada quando necessário.
A gente tem que tentar mexer nesse currículo, que está um pouco engessado, e incorporar as novas práticas, as coisas que de fato mudam a vida das pessoas.”
Victor Cabral
Natural de Brasília, Victor Cabral, 26, se mudou para Divinópolis para estudar Medicina e, após um acidente, foi diagnosticado com espondilite anquilosante. Chegou a utilizar opioides como o tramadol, mas só encontrou alívio verdadeiro com o uso do CBD.
“Eu sempre pesquisei sobre o tema, mas nunca encontrei nada relacionado ao curso de Medicina. Quando vi que abriu a optativa do professor Hygor, não pensei duas vezes: me matriculei.
Quero me aprofundar ainda mais e levar esses conhecimentos para minha futura atuação.”
Para Hygor, talvez um dos principais desafios do curso seja atrair estudantes que ainda não tiveram contato direto com o uso terapêutico de medicamentos à base de Cannabis.
Por que o conhecimento sobre o SEC faz a diferença
O estudo do sistema endocanabinoide dentro da universidade estimula pesquisas clínicas e o desenvolvimento de novas abordagens para diversas condições de saúde. É fundamental que profissionais da saúde se mantenham atualizados sobre os avanços científicos, garantindo aos pacientes as opções mais eficazes e seguras.
Em muitos casos, os medicamentos à base de Cannabis ajudam a reduzir a necessidade de fármacos com efeitos colaterais significativos, como opioides. Há relatos frequentes de pacientes com dor crônica que conseguiram diminuir a dependência dessas substâncias após iniciarem o tratamento com CBD.
Como iniciar um tratamento com canabinoides com segurança
Para os pacientes e seus familiares, é fundamental ter um profissional capacitado e com experiência nesse tipo de prescrição acompanhando todo o processo. Além de ser uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adquirir os medicamentos, é a melhor forma de garantir que o tratamento proporcione o máximo de benefícios sem causar efeitos colaterais.
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