Com o aumento da expectativa de vida, cresce também o número de casos de doenças comuns na terceira idade, principalmente as neurodegenerativas. Como ainda não existe cura e os tratamentos disponíveis são limitados, pesquisadores buscam alternativas para prevenir ou retardar o avanço dessas doenças.
Um estudo brasileiro apontou que o canabidiol (CBD), um dos compostos da Cannabis, pode ser um aliado importante para prevenir o Parkinson — a segunda condição neurodegenerativa mais comum entre idosos. Em um modelo animal da doença, o uso precoce do canabinoide atrasou o início dos sintomas e reduziu danos cerebrais associados à condição.
Os resultados sugerem que o CBD tem potencial neuroprotetor e, se administrado antes do surgimento dos sintomas do Parkinson, pode influenciar positivamente na progressão da doença.
Entenda o Parkinson e os efeitos do CBD
A doença de Parkinson é uma condição neurológica que afeta principalmente pessoas com mais de 60 anos, embora também possa surgir em indivíduos mais jovens. Entre os principais sintomas da doença estão:
- Tremores em repouso
- Rigidez muscular
- Lentidão nos movimentos
- Dificuldades de equilíbrio
- Alterações cognitivas e emocionais
Esses sintomas surgem devido à morte progressiva de neurônios que produzem dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos.
As propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras fazem do CBD um forte candidato para prevenir doenças neurodegenerativas, como o Parkinson. O composto atua no sistema endocanabinoide e também interage com receptores de serotonina, dopamina, PPARγ e outros envolvidos no funcionamento cerebral.
Estudo brasileiro avaliou o uso preventivo do CBD
O estudo Preventive beneficial effects of cannabidiol in a reserpine-induced progressive model of parkinsonism, publicado na Frontiers in Pharmacology, foi conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Neles, camundongos foram tratados com reserpina — uma substância que induz sintomas semelhantes ao Parkinson — para simular o avanço da doença.
Os animais foram divididos em dois grupos:
- Tratamento concomitante: CBD administrado ao mesmo tempo que a reserpina
- Tratamento preventivo: CBD administrado duas semanas antes da reserpina
Os efeitos do canabidiol foram analisados por meio de testes comportamentais e exames cerebrais. Os principais resultados foram:
Rigidez muscular (catalepsia)
- O grupo que recebeu CBD preventivamente teve menor tempo de rigidez nas fases iniciais e intermediárias da doença.
- O grupo tratado de forma concomitante também apresentou melhora, com atraso no início da rigidez, mas de forma menos expressiva.
Diminuição dos movimentos orais involuntários (vacuous chewing)
- O tratamento preventivo com CBD impediu o aumento progressivo desses movimentos.
- O tratamento concomitante, os sintomas não sumiram totalmente, mas houve uma redução parcial.
Preservação de neurônios dopaminérgicos
- O CBD administrado de forma preventiva protegeu os neurônios que produzem e liberam dopamina na substância negra do cérebro — uma área-chave afetada pelo Parkinson.
Como o CBD atua para prevenir o Parkinson
Os pesquisadores acreditam que o CBD oferece proteção ao cérebro por meio de diferentes mecanismos:
- Redução da inflamação no sistema nervoso central, com diminuição de enzimas inflamatórias e proteínas mal formadas, como a α-sinucleína
- Combate ao estresse oxidativo, que acelera a morte de neurônios
- Modulação da dopamina e serotonina, dois neurotransmissores importantes para o equilíbrio do sistema nervoso
Esses efeitos combinados ajudam a preservar os neurônios e retardar o surgimento dos sintomas motores da doença.
CBD pode prevenir Parkinson em humanos?
Ainda não é possível afirmar com certeza que o CBD pode prevenir o Parkinson em humanos. Os resultados em modelos animais são promissores, mas a doença nos seres humanos é mais complexa e envolve fatores genéticos e ambientais diversos.
Apesar disso, os autores do estudo destacam que o uso do CBD apresenta baixo risco de efeitos colaterais e que os dados pré-clínicos justificam a realização de novos estudos com humanos.
“Os dados aqui apresentados demonstram que o CBD pode atenuar o desenvolvimento do parkinsonismo induzido por reserpina e proteger a perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra, com melhores resultados no protocolo preventivo.”
Efeitos do CBD em pessoas que já têm Parkinson
O estudo brasileiro oferece informações valiosas para profissionais da saúde, pacientes e familiares: o CBD tem potencial como neuroprotetor, especialmente quando usado antes do aparecimento dos sintomas.
Estudos anteriores já investigaram o uso do CBD em pacientes com Parkinson, porém a maioria deles focou em casos após o início dos sintomas. Ainda assim, os dados sugerem que o canabidiol pode ser um complemento ao tratamento, promovendo bem-estar e qualidade de vida.
Um estudo clínico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por exemplo, observou que um medicamento contendo CBD e THC na proporção 10:1 trouxe benefícios para pacientes com Parkinson. Todos os participantes relataram melhora, mas com diferenças entre os sexos: nos homens, os efeitos positivos surgiram após 30 dias de uso; nas mulheres, após 90 dias.
Outro estudo, conduzido por pesquisadores holandeses, indicou que o consumo de café também pode beneficiar pacientes com Parkinson. A cafeína — presente em bebidas como café, chás e refrigerantes — bloqueia receptores de adenosina, estimulando a atividade cerebral e promovendo a produção e a liberação de dopamina.
Como incluir medicamentos à base de Cannabis em tratamentos para Parkinson
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