As síndromes de Lennox-Gastaut e Dravet impõem desafios na vida dos pacientes e seus familiares. Essas formas raras e severas de epilepsia, que surgem ainda na infância, são difíceis de controlar com os medicamentos convencionais e afetam profundamente o desenvolvimento, a autonomia e a qualidade de vida.
Na busca por alternativas mais eficazes, pesquisadores da Alemanha apontaram uma possibilidade promissora: a combinação de canabidiol (CBD) com clobazam mostrou potencial para reduzir a frequência das crises e melhorar o bem-estar desses pacientes.
Como agem o clobazam e o CBD no cérebro
O clobazam é um anticonvulsivante da classe dos benzodiazepínicos, amplamente utilizado no tratamento de epilepsias resistentes aos medicamentos convencionais, incluindo as síndromes de Lennox-Gastaut e de Dravet. Ele atua aumentando a ação do GABA, um neurotransmissor responsável por reduzir a atividade elétrica no cérebro — o que ajuda a controlar as convulsões.
O CBD também interage com o sistema GABAérgico, porém de forma mais indireta e complexa. Enquanto o clobazam se liga diretamente aos receptores GABA-A, potencializando a ação inibitória, o CBD modula o sistema como um todo, podendo interferir na recaptação e no metabolismo do GABA.
Além disso, o CBD interage com outros sistemas, como o endocanabinoide e o serotoninérgico, o que pode potencializar seus efeitos sobre o controle das crises.
Estudo mostrou resultados positivos com a combinação CBD + clobazam
De acordo com o estudo Real-world experience of cannabidiol in conjunction with clobazam for the treatment of seizures associated with Lennox-Gastaut syndrome and Dravet syndrome, publicado na revista científica Epilepsy & Behavior, a combinação do clobazam com o CBD pode potencializar os efeitos anticonvulsivantes e oferecer uma alternativa eficaz para controlar as crises em pacientes com síndrome de Dravet e de Lennox-Gastaut resistente aos medicamentos convencionais.
A pesquisa avaliou 126 pacientes (102 com síndrome de Lennox-Gastaut e 24 com síndrome de Dravet) por 12 meses. Todos combinaram o clobazam com um medicamento à base de CBD isolado (Epidiolex) e a dose média era de 11 mg/kg/dia.
Os resultados foram promissores, mostrando que:
- 47% dos pacientes tiveram uma redução de 50% ou mais nas convulsões em apenas 3 meses de tratamento. Esse benefício se manteve por até 12 meses.
- 63% dos pacientes tiveram uma diminuição de mais da metade nas crises tônico-clônicas (consideradas mais graves) em 3 meses.
- 7 em cada 10 pacientes continuaram o tratamento após um ano, mostrando que a abordagem tem boa adesão e é bem tolerada.
- 66% dos pacientes tiveram melhora no comportamento e no estado de saúde geral, segundo avaliação dos médicos.
Apesar de alguns efeitos colaterais, como sonolência (23% dos casos) e diarreia (10%), a maioria dos pacientes tolerou bem o tratamento.
O que dizem os especialistas
De acordo com os autores do estudo, em poucos casos foi necessário interromper o uso devido a reações adversas, afirmando a segurança do uso combinado de CBD e clobazam.
“Em pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut ou síndrome de Dravet refratários ao tratamento, o tratamento adjuvante com CBD e clobazam concomitantes foi associado à redução da frequência de crises e à manutenção do tratamento por até 12 meses em todas as faixas etárias na prática clínica na Alemanha. As descontinuações do CBD exclusivamente devido a eventos adversos foram poucas e o perfil de eventos adversos foi geralmente alinhado ao observado anteriormente.”
Em live realizada no canal do Cannabis & Saúde no YouTube, a neurologista Denise Dias Scandiuzzi falou sobre o uso de medicamentos à base de canabinoides para o tratamento da epilepsia. A médica destacou a segurança dessa abordagem e que os efeitos colaterais geralmente são superados com um ajuste na dose.
“Os efeitos colaterais do CBD isolado são geralmente leves e transitórios, incluindo náuseas, sonolência, dor de cabeça e, ocasionalmente, diarreia. Esses efeitos tendem a diminuir com o tempo à medida que o corpo se adapta à substância. Além disso, o tratamento com o CBD é ajustado com doses iniciais baixas que são progressivamente aumentadas conforme necessário para evitar efeitos colaterais.”
Clique aqui e assista o bate-papo completo da Dra. Denise no vídeo abaixo. Aproveite e se inscreva no nosso canal no YouTube e não perca nenhuma das nossas lives com médicos.
Estudos anteriores já apontavam os benefícios do uso do canabidiol no controle de epilepsias resistentes aos medicamentos convencionais. No entanto, essa foi a primeira vez que pesquisadores focaram na ação do CBD isolado em combinação com o clobazam.
Como incluir medicamentos à base de Cannabis em um tratamento
De acordo com a regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apenas um profissional da saúde devidamente habilitado pode prescrever medicamentos à base de Cannabis. Em condições graves, como epilepsia, é fundamental que o médico tenha experiência nesse tipo de prescrição e conheça todos os nuances da terapia com canabinoides.
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Então, se você ou uma pessoa próxima quiser experimentar essa possibilidade, procure um médico. Acesse já nossa plataforma e marque uma consulta!