Pesquisas recentes vêm apontando para resultados promissores no tratamento da fobia social com doses específicas de canabidiol (CBD), entre 300 a 600 mg, em associação com doses baixas de THC (até 7,5 mg). Um estudo publicado este ano na Reviews in the Neurosciences demonstrou melhora significativa dos sintomas, não apenas nos relatos subjetivos, mas também em medidas comportamentais e neurológicas.
Outro campo que tem despertado atenção — e muitas controvérsias — é a saúde sexual masculina.
Estudos pré-clínicos mostram que o sistema endocanabinoide tem papel importante na função sexual, podendo melhorar a satisfação sexual quando utilizado de forma terapêutica. Por outro lado, alguns estudos sugerem efeitos negativos, especialmente em usuários recreativos. Mas é importante destacar que esses achados não podem ser diretamente aplicados ao uso medicinal, cujos contextos, doses e formulações são totalmente diferentes.
E a libido?
Um tema ainda cercado de tabus, mas essencial para o bem-estar. Evidências indicam que o sistema endocanabinoide também influencia o desejo sexual e a qualidade do orgasmo. Um estudo populacional com mais de 50 mil pessoas, publicado no Journal of Sexual Medicine, mostrou que usuários de cannabis relataram uma frequência sexual maior — sem prejuízo ao desempenho.
A mensagem que precisa ficar clara: não se trata aqui de apologia ao uso recreativo de substâncias. O foco é saúde. Saúde afetiva, que envolve a capacidade de expressar emoções, criar vínculos saudáveis e buscar ajuda quando necessário. Em alguns casos específicos, o uso compassivo de canabinoides ou fitoterápicos pode ser um recurso valioso para restaurar a qualidade de vida.
A medicina caminha para um olhar mais humanizado, que integra corpo, mente e relações. E isso inclui, sim, discutir com responsabilidade tudo aquilo que pode contribuir para o bem-estar — inclusive os canabinoides.
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