Em diversos derivados de CBD, você vai encontrar um selo escrito “testado por laboratório independente”. O que isso quer dizer? Que existe um controle de qualidade comprovado para esse fitoterápico, através de uma análise imparcial do produto. Saiba por que elas são importantes.
Cada vez mais comuns, os testes de terceiros, feitos de forma imparcial, impulsionam marcas a garantir a qualidade de seus produtos e oferecem mais segurança ao usuário.
Não existe uma lei que obrigue as marcas hoje disponíveis no mercado passarem por um teste de qualidade, mas a verificação do produto por um outro laboratório gera mais confiança no usuário. É a certeza de que o produto está dentro de especificações que geram segurança no seu uso.
Qualidade alterada
Como não há regulamentação do mercado de produtos de CBD e nem obrigatoriedade de testes, podem haver descuidos na plantação, extração e no processamento que alteram a qualidade do produto final, tais como o cultivo da planta num solo contaminado, a presença de produtos químicos contaminantes, maior quantidade de THC do que o descrito no rótulo e, o mais comum, menos CBD do que o prometido.
Num estudo de 2017, de 84 produtos testados, 70% deles tinha uma quantidade de CBD diferente da descrita no rótulo. Isso significa que o paciente pode não estar recebendo o tratamento correto para o sue problema.
O que precisa ser avaliado
Existem atributos indispensáveis que devem ser analisados numa amostra:
Perfil canabinoide | É o principal teste de pureza e potência. Ele mede os canabinoides ativos nessa amostra. Os dois principais canabinoides preocupantes são o CBD e o THC. Com o cânhamo industrial, esses níveis precisam estar abaixo de 0,2%, segundo resolução da Anvisa. Além disso, se os níveis de THC forem muito altos, o produto pode se tornar psicoativo.
Terpenos | Criados pelos tricomas das plantas, os terpenos são compostos pequenos e voláteis e fornecem aroma à planta, além de ajudarem na absorção dos canabinoides pelo organismo e terem efeitos terapêuticos auxiliares (relaxantes musculares, sedativos, estimulantes e muitos outros).
Solventes residuais | São utilizados quando os compostos ácidos e os canabinoides são extraídos do material vegetal. O protocolo e um método que assegurem qualidade na extração garantem um produto limpo, sem contaminação.
Hoje em dia, muitos fabricantes usam novas tecnologias que descartam o uso de solvente.
Contaminantes biológicos | Este teste mostra se o vegetal é puro ou contaminado por fungos, parasitas ou bactérias. Se o produto final estiver contagiado, pode desencadear alergias e outros danos no usuário.
Análise de metais pesados | O vegetal faz o processo de biorremediação – qualquer coisa que estiver na terra será absorvida pelas raízes da planta e depois concentrada em seu caule e folhas, tanto nutrientes, quanto metais pesados que podem existir em solos contaminados.
Os quatro grandes contaminantes são arsênico, cádmio, chumbo e mercúrio.
A importância de usar produtos testados
Os testes são essenciais, pois não só demonstram integridade e transparência da marca, mas também podem apontar problemas que devem ser resolvidos antes do produto chegar ao consumidor.
Com a nova resolução de 2019, espera-se uma série de possibilidades de exploração econômica de produtos derivados da Cannabis, como a importação, fabricação e venda. Teremos um aquecimento muito rápido no mercado de canabinoides no país muito em breve, o que por um lado é positivo, mas por outro, sem um controle sobre a qualidade dos produtos, os usuários podem ficar expostos a todo tipo de mercadoria.
Com a aprovação de um laboratório imparcial, que não pertence à marca e que não teria nenhum motivo para camuflar os resultados, o usuário fica menos exposto a produtos de qualidade inferior, contaminados ou que possam causar reações adversas. Portanto, leia sempre o rótulo e compre produtos testados.
Os tipos de teste
Existem alguns métodos para testar as qualidades descritas anteriormente:
A Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) é uma técnica analítica que pode revelar informações estruturais sobre moléculas orgânicas e inorgânicas. Os núcleos magnéticos de isótopos específicos são alinhados por um forte ímã externo e então perturbados por uma onda de rádio. Essa energia externa aplicada à molécula é absorvida, e o núcleo perturbado é dito “em ressonância”.
A freqüência de ressonância é observada como energia reemitida e está relacionada às relações de identidade, quantidade, posição e relações intra-moleculares, identificando assim a composição da amostra e quantidades de cada um dos compostos.
A espectrometria de massa ou teste de MS (Mass Spectometry) é uma técnica analítica na qual moléculas em uma amostra são convertidas em íons em fase gasosa, que são, na sequência, separados no espectrômetro de massas de acordo com sua razão massa (m) sobre a carga (z), m/z. O espectro de massa é um gráfico que mostra a abundância (intensidade) relativa de cada íon que aparece como picos com m/z definidos, assim intensificando os compostos individuais na amostra.
A reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma técnica rotineira e com custo baixo de laboratório usada para fazer muitas cópias (milhões ou bilhões) de uma região específica do DNA. Ele cruza dados do DNA encontrado na prova com outros padrões conhecidos, para encontrar, por exemplo, bactérias e fungos.
O teste mais utilizado, entretanto, é o CLEA (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência) ou HPLC (High performance liquid chromatography)
A primeira parte deste método é a tecnologia de separação. A segunda parte é a tecnologia de detecção, onde é utilizada luz ultravioleta. Nesse tipo de teste, separam-se moléculas por meio de uma técnica chamada cromatografia.
Numa primeira fase, a amostra é dissolvida em uma solução solvente (geralmente, etanol). Na segunda fase, chamada de fase estacionária, utiliza-se pressão para separar as moléculas.
Elas saem do tubo de ensaio por um minúsculo orifício. As menores e mais pesadas movem-se primeiro. São analisadas de acordo com seu tamanho e densidade. Conforme saem, passam por um detector de luz UV e também são avaliadas por sua capacidade de absorção da luz. São então comparadas com padrões já computados de canabinoides para determinar a quantidade de cada composto.